Não partilho da sua droga maravilhosa. A minha seleção não foi toda ao Mundial, ainda que merecesse. Aliás, reformulando, a minha seleção tem várias seleções. O onze-tipo de seleções seria Eslovénia, Uruguai, Brasil, Argentina, Brasil, Sérvia, Argentina, Argentina, Sérvia, Brasil e Espanha. Mais uns Portugal, um Paraguai, outra Argentina, etc. Bastante multicultural, como vêem.
Somos mais que uma nação. Somos 15 milhões ou mais.
Já adivinharam, sou do Benfica. Sou da raça, do querer e da ambição. Sou gloriosamente enorme. Sou a mística. Sou Cosme Damião, Eusébio, Torres, Simões, JVP, Rui Costa, Isaías, Humberto Coelho, Vítor Paneira, Luisão, Cardozo, Maxi. Sou o míssil de Eusébio, a finta de Aimar, a panenka do Gaítan, o génio do Markovic, os golos do Cardozo, a careca do Luisão, o carrinho do Maxi. Sou Berna 61 e Amsterdão 62. Sou 33, 25, 5, 4, 2.
Não é fácil ter dois amores, já dizia a música. E por isso quando se ama alguém com tanta força quanto eu amo o Benfica, não é fácil partilhar das mesmas emoções dos outros palermas. Não ficaria triste se Portugal caísse perante a Argentina com um golo de Enzo ou Garay. Dava todos os títulos mundiais de Portugal se esta equipa do Glorioso ficasse para o ano ou se me garantissem o próximo campeonato. Sinto-me mais da seleção de Markovic ou Enzo que de Pepe ou Bruto Assassino Alves.
Ostracizar-me-ão. Aceitarei, mas com uma contrapartida. Que me deixem voltar ao Estádio da Luz no dia do jogo. Ao meu país. À minha nação. Aos meus conterrâneos. Que me deixem aplaudir os meus bravos uma última vez.
Já agora, quando é que começa a pré-época?