Haverá melhor maneira de voltar das férias do que com uma vitória do meu Benfica? Não, não há. Mas esta vitória foi diferente: sofremos demasiado para vencer, estivemos com a corda na garganta até ao fim e só um crer e uma vontade enormes desta equipa nos deram a vitória. Porque estes rapazes jogam muito mal, sim, parece que desaprenderam nos States, sim, mas ninguém os pode acusar de não terem um grande coração.
O jogo começou aparentemente fácil para o Benfica: o Moreirense não estava nada afoito e a bola estava sempre nossa. Contudo, não estava fácil: via-se que cada vez que eles atacavam os nossos mostravam uma incapacidade gritante de defender (como tem sido hábito esta época) e que a nossa posse de bola era apenas isso: posse de bola especulativa e inconclusiva, sem imprevisibilidade alguma. Ainda assim, o Victor Andrade ainda conseguiu criar perigo numa das nossas poucas oportunidades na primeira parte. Mas apenas uma oportunidade é muito pouco, e não foi por isso surpreendente ver o Moreirense chegar à vantagem aos vinte sete minutos, num lance incrivelmente mal defendido. A equipa espevitou um pouco, e uns dez minutos depois o Jonas falhou escandalosamente o golo do empate. Contudo, o final de primeira parte foi igual a tudo o resto: cruzamentos mal feitos, demasiados e à toa. O Eliseu está a mais na equipa (acho que foi a sua pior exibição desde que chegou à Luz), o Semedo não acertava nos passes e cruzamentos, o Pizzi não vê e não tem linhas de passe, o Mitroglou estava absolutamente inconsequente, etc, etc, etc. Foi normal chegar ao intervalo em desvantagem e mais normal ainda os assobios que se fizeram ouvir nessa altura.
Na segunda parte o jogo mudou: o Rui Vitória lançou o Talisca para o lugar do Pizzi e o Guedes para o lugar do Andrade. Não que estes dois tenham dado muita coisa à equipa, mas é certo que lhe deram mais velocidade e mais capacidade de transportar a bola. Nestes quarenta e cinco minutos, viu-se finalmente um Benfica perigoso: continuava mau, mas ia criando oportunidades de perigo. Primeiro, foi o Mitroglou, que num remate rasteiro obrigou o guarda-redes a uma grande defesa. Depois, o Mitroglou cabeceou à barra. Para terminar, o Jonas voltou a falhar escandalosamente o empate, algo nada comum em Jonas. Mais uma vez, a partir dos setenta e cinco, tudo mudou. O Vitória lançou o Jimenez para o lugar do Eliseu, entregou um papel com uma táctica qualquer ao Nico (não sei o que é que dizia o papel, mas imagino que tenha sido algo muito inteligente como "Tudo ao molho e fé em Deus") e resultou. Não sei como, mas resultou. Ao minuto setenta e seis, o Nico tirou um excelente cruzamento para a cabeça do Jimenez, que cabeceou para o empate, finalmente. Um minuto depois, o Semedo largou no Mitroglou, que passou atrasado para o Samaris, que com uma bomba de fora de área deu a volta ao marcador. A Luz explodiu. Depois de tanto sofrimento, estávamos por fim a vencer. Contudo, aos oitenta e cinco, o Cardozo deles empatou o jogo, num lance em que há um claro fora-de-jogo. Tudo parecia acabado para outra equipa qualquer, mas não para este Benfica. Num último fôlego Glorioso, o Nico tirou mais um excelente cruzamento a que o Jonas respondeu com um excelente volley para fazer o último golo do jogo. De loucos! Já há muito tempo que um jogo não me fazia sofrer assim.
O maior destaque deste jogo, na minha opinião, é o mestre Nico. A afinidade que tem com a bola é impressionante, os passes são teleguiados, a magia é constante. Felizmente o mercado não o levou. É claramente o nosso melhor reforço. Em segundo lugar, surge o Jonas. Apesar de ter falhado muitas vezes na hora H, acabou por decidir. O Rui terá que perceber que o lugar do Jonas não é a dar corridas desenfreadas. Jonas é classe, não é brutalidade. Num esquema de dois avançados terá sempre de jogar com Jimenez.
Ganhámos, sim. Mas jogámos mal, é preciso dizer. Esta equipa acredita muito, mas tem de melhorar bastante caso queira conquistar o ambicionada tri. O Eliseu é uma carta fora do baralho, o Luisão está lento, o Samaris não é o mesmo da época passada, o Pizzi está a falhar mais passes que nunca, não temos um médio direito e o Mitroglou é um penedo. Não temos ideia de jogo, e cruzamentos para o meio da área à equipa pequena não serve. As minhas esperanças são muito reduzidas, mas já se sabe: no que toca ao Benfica, não faço questão de ter razão. Que o Rui nos dê o tri.
Benfica 3-2 Moreirense
Jimenez
Samaris
Jonas