Serás sempre parte do Benfica. Parte de nós. Adeus Deusébio.

Serás sempre parte do Benfica. Parte de nós. Adeus Deusébio.
Serás sempre parte do Benfica. Parte de nós. Adeus Deusébio. Eusébio da Silva Ferreira (1942-2014)

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Sofrido

Haverá melhor maneira de voltar das férias do que com uma vitória do meu Benfica? Não, não há. Mas esta vitória foi diferente: sofremos demasiado para vencer, estivemos com a corda na garganta até ao fim e só um crer e uma vontade enormes desta equipa nos deram a vitória. Porque estes rapazes jogam muito mal, sim, parece que desaprenderam nos States, sim, mas ninguém os pode acusar de não terem um grande coração.

O jogo começou aparentemente fácil para o Benfica: o Moreirense não estava nada afoito e a bola estava sempre nossa. Contudo, não estava fácil: via-se que cada vez que eles atacavam os nossos mostravam uma incapacidade gritante de defender (como tem sido hábito esta época) e que a nossa posse de bola era apenas isso: posse de bola especulativa e inconclusiva, sem imprevisibilidade alguma. Ainda assim, o Victor Andrade ainda conseguiu criar perigo numa das nossas poucas oportunidades na primeira parte. Mas apenas uma oportunidade é muito pouco, e não foi por isso surpreendente ver o Moreirense chegar à vantagem aos vinte sete minutos, num lance incrivelmente mal defendido. A equipa espevitou um pouco, e uns dez minutos depois o Jonas falhou escandalosamente o golo do empate. Contudo, o final de primeira parte foi igual a tudo o resto: cruzamentos mal feitos, demasiados e à toa. O Eliseu está a mais na equipa (acho que foi a sua pior exibição desde que chegou à Luz), o Semedo não acertava nos passes e cruzamentos, o Pizzi não vê e não tem linhas de passe, o Mitroglou estava absolutamente inconsequente, etc, etc, etc. Foi normal chegar ao intervalo em desvantagem e mais normal ainda os assobios que se fizeram ouvir nessa altura.

Na segunda parte o jogo mudou: o Rui Vitória lançou o Talisca para o lugar do Pizzi e o Guedes para o lugar do Andrade. Não que estes dois tenham dado muita coisa à equipa, mas é certo que lhe deram mais velocidade e mais capacidade de transportar a bola. Nestes quarenta e cinco minutos, viu-se finalmente um Benfica perigoso: continuava mau, mas ia criando oportunidades de perigo. Primeiro, foi o Mitroglou, que num remate rasteiro obrigou o guarda-redes a uma grande defesa. Depois, o Mitroglou cabeceou à barra. Para terminar, o Jonas voltou a falhar escandalosamente o empate, algo nada comum em Jonas. Mais uma vez, a partir dos setenta e cinco, tudo mudou. O Vitória lançou o Jimenez para o lugar do Eliseu, entregou um papel com uma táctica qualquer ao Nico (não sei o que é que dizia o papel, mas imagino que tenha sido algo muito inteligente como "Tudo ao molho e fé em Deus") e resultou. Não sei como, mas resultou. Ao minuto setenta e seis, o Nico tirou um excelente cruzamento para a cabeça do Jimenez, que cabeceou para o empate, finalmente. Um minuto depois, o Semedo largou no Mitroglou, que passou atrasado para o Samaris, que com uma bomba de fora de área deu a volta ao marcador. A Luz explodiu. Depois de tanto sofrimento, estávamos por fim a vencer. Contudo, aos oitenta e cinco, o Cardozo deles empatou o jogo, num lance em que há um claro fora-de-jogo. Tudo parecia acabado para outra equipa qualquer, mas não para este Benfica. Num último fôlego Glorioso, o Nico tirou mais um excelente cruzamento a que o Jonas respondeu com um excelente volley para fazer o último golo do jogo. De loucos! Já há muito tempo que um jogo não me fazia sofrer assim.

O maior destaque deste jogo, na minha opinião, é o mestre Nico. A afinidade que tem com a bola é impressionante, os passes são teleguiados, a magia é constante. Felizmente o mercado não o levou. É claramente o nosso melhor reforço. Em segundo lugar, surge o Jonas. Apesar de ter falhado muitas vezes na hora H, acabou por decidir. O Rui terá que perceber que o lugar do Jonas não é a dar corridas desenfreadas. Jonas é classe, não é brutalidade. Num esquema de dois avançados terá sempre de jogar com Jimenez.

Ganhámos, sim. Mas jogámos mal, é preciso dizer. Esta equipa acredita muito, mas tem de melhorar bastante caso queira conquistar o ambicionada tri. O Eliseu é uma carta fora do baralho, o Luisão está lento, o Samaris não é o mesmo da época passada, o Pizzi está a falhar mais passes que nunca, não temos um médio direito e o Mitroglou é um penedo. Não temos ideia de jogo, e cruzamentos para o meio da área à equipa pequena não serve. As minhas esperanças são muito reduzidas, mas já se sabe: no que toca ao Benfica, não faço questão de ter razão. Que o Rui nos dê o tri.

Benfica 3-2 Moreirense
Jimenez
Samaris
Jonas