Oblak, Maxi, Luisão, Garay, Siqueira, Ruben, Enzo, Gaitan, Markovic, Lima, Rodrigo, Suljemani, Salvio e André Almeida. Decorem estes nomes. Repitam-nos bem alto. Acrescentem no final desses catorze o nome Benfica. Foram estes os catorze bravos que ontem, mesmo a jogar meia hora com dez e oito minutos com nove, conseguiram levar bem alto a águia que envergam ao peito. Foi um empate com sabor a vitória arrancado a ferros. Foi, simplesmente, Benfica.
E foi com aqueles primeiros onze homens que o Benfica iniciou o jogo de ontem. E até começou bastante bem. Logo aos dois minutos, o Rodrigo, na sequência de um lançamento lateral, atirou com perigo, mas a bola embateu no corpo de Martin Cáceres. Aliás, ao contrário daquilo que se esperava, o Benfica entrou muito bem no jogo, sempre a pressionar em cima dos italianos. Contudo, a poucos e poucos, a Juventus foi crescendo e, como seria de esperar, assumiu as rédeas do jogo, mesmo sem criar muito perigo. As melhores oportunidades foram um remate sobre a baliza do Vidal e o momento do jogo: já a terminar, o Vidal cabeceia dentro de área, com o Oblak batido, mas eis que aparece o comandante daqueles bravos, o nosso capitão, Luisão, a cortar em cima da linha. Fazia falta o intervalo ao Benfica.
A segunda parte começou como a primeira, com o Glorioso a pressionar algo mais, e só não chegou ao golo porque o Rodrigo, sozinho na área, atirou por cima da baliza de Buffon. Mas, quando o jogo parecia ter estabilizado num equilíbrio, aparece o árbitro do encontro para tomar o protagonismo, e de maneira exageradíssima, consegue expulsar o signore Enzo em cinco minutos. Como era possível que o que mais merecia a final, o que mais luta, o que mais dá à equipa, perder a final? Não era justo, e a equipa apercebeu-se disso. Jesus tirou o Lima e fez entrar o Almeida, a equipa arregaçou as mangas, cerrou os punhos, beijou a grande águia do seu símbolo e seguiu em frente. Havia uma meia-final para ganhar, com ou sem Enzo. E como defender bem também é uma arte, o Glorioso decidiu virar Picasso. E defendeu a sua preciosa vantagem até ao fim. Pelo meio, entrou o Suljemani pelo Markovic e o Salvio pelo Gaitan. E, apesar de me ter parado o coração num golo bem anulado à Juventus, o Benfica não permitiu nada. E mesmo quando o árbitro expulsou mal o Markovic, já no banco, percebia-se que este Benfica não ia morrer ali. E mesmo quando o Garay saiu mais cedo devido a um corte no lábio e ficámos a jogar com nove, percebia-se que ontem não havia mesmo quem parasse o Benfica. E quando o inglês apitou para o fim, foi lindo de se ver. Foi uma explosão de alegria enorme. Foi o libertar das correntes do passado. Foi o reencontro connosco próprios. Foi, numa palavra, Benfica! O Glorioso, o Maior, o Enorme Sport Lisboa e Benfica.
Foi uma exibição colectiva linda, de valor. Foi uma exibição de onze homens, que passaram a catorze, que, sinceramente, me levariam a morrer com eles. No entanto, há que destacar a defesa como um todo, e principalmente dois: Oblak, porque é frio, é seguro, e ontem foi um guarda-redes enorme e um enorme guarda-redes; e como não podia deixar de ser, o gigante Luisão, que ontem, fez de tudo. Comandou-nos, fez o corte do jogo, e, no fim, foi ele que, com muito orgulho, com muito amor, foi mostrar a todo o Juventus Estadium o símbolo do Maior. O símbolo do Benfica. Que ele também passou a ser. Este jogo, por tudo o que foi feito, por todas as dificuldades, entra directamente para a centenária história do Sport Lisboa e Benfica. É daquelas coisas para contar aos netinhos, daquelas vitórias que não se esquecem.
Apesar da vitória, acabámos a perder três jogadores nucleares para a final. Contudo, quem quer que jogue, mesmo que seja o "Manel", há de saber honrar a camisola que têm no corpo. E, desta vez, contra os espanhóis do Sevilla, é para devolver o Benfica à rota da Europa. Principalmente, porque vocês merecem tudo. Porque vocês, jogadores, com a nossa ajuda, são uma equipa de raça, querer e ambição. Têm aquela fome de vitórias tão característica do Glorioso. E, principalmente, são um grupo tão unido, são todos tão maravilhosos que, se fosse preciso, iríamos convosco até aos confins do Inferno, só para vos ajudar a subir. Porque foi precisamente isso que aconteceu entre Maio de 2013 e o mesmo mês de 2014. Obrigado Oblak. Obrigado Maxi. Obrigado Luisão. Obrigado Garay. Obrigado Siqueira. Obrigado Ruben. Obrigado Enzo. Obrigado Gaitan. Obrigado Marko. Obrigado Lima. Obrigado Rodrigo. Obrigado Suljemani. Obrigado Salvio. Obrigado André. Obrigado Benfica!
Juventus 0-0 Benfica (ag 1-2)