A alegria e o orgulho imenso que sinto por pertencer a esta família, à família benfiquista, não podem ser descritas em palavras. Mas talvez o rosto das pessoas com que me cruzei após o jogo ande lá perto. Rejubilo com o facto de ver festejos do Norte ao Sul de Portugal, no Luxemburgo, Bélgica, Paris (no Arco do Triunfo, pois claro), em todas as ex-colónias portuguesas, em Londres, e em todo o local em que haja um benfiquista. Alegro-me com a emoção no rosto de todos, mas principalmente dos jogadores, que mesmo sendo estrangeiros, conseguem perceber a importância deste título, a importância do Manto que vestem, e que percebam que nada toca mais o benfiquista que ver os seus jogadores descerem do autocarro só para estarem com eles. Emociono-me por saber que as lágrimas vertidas pelo final da época passada continuam, mas são agora de alegria. Sinto, felicíssimo, que Eusébio e Coluna estão orgulhosos e a sorrir, onde quer que estejam. Este título também é Vosso. E também é nosso, adeptos. Pelo que sofremos no início, por nunca termos desistido da equipa, por termos conseguido, na segunda volta do campeonato, ter criado uma gigante onda vermelha. A todos, o meu enorme Obrigado!
No entanto, antes da festa se soltar ao país e ao Mundo, com epicentro no Marquês de Pombal, ele que também vestiu de vermelho (literalmente), houve um jogo. Nada fácil, mesmo nada fácil. O adversário, o Olhanense, quase que parecia querer estragar a festa, tal foi o autocarro imposto na sua baliza. E o Benfica, tão calmo na maioria dos jogos, começou a tremer. Começou a falhar. Primeiro o Gaítan, aos dois minutos, a permitir o corte in extremis a Luís Filipe, um velho conhecido. Depois, o Rodrigo, em vez de rematar, mandou uma rosca. E até Garay, o infalível, ia oferecendo um golo aos algarvios. O Benfica acusou o toque e ficou ainda mais ansioso, começou a especular demasiado em frente à baliza e o Lima falhou um golo feito. No final, nova contrariedade: o Salvio, um dos melhores em campo, partiu o pulso e vai perder o resto da temporada.
E para a segunda parte, o pior: nós, adeptos, começámos a duvidar, começámos a calar-nos, a transmitir intranquilidade. Mas, para os últimos quarenta e cinco minutos, estava reservado o prato forte. Curioso que, numa equipa altamente dominadora, os dois golos surgiram de contra-ataque. O primeiro, aos cinquenta e sete minutos, chegou de recarga: o Rodrigo passou para o Gaítan, que chutou para defesa incompleta e apareceu o Lima, à matador, a soltar as amarras da época passada e a levar à loucura os quase 64.000 adeptos que foram à Luz. Ainda com a alegria em alta, surgiu o segundo: o Maxi recuperou a bola, passou no Lima, que correu, correu, correu, e atirou para o golo, com alguma ajuda do guarda-redes. E aí, ficou claro que este era nosso. A Catedral fez jus ao Inferno, e, até ao fim, já só esperou pelo apito final. O Campeão voltara.
O jogo valeu o título, e por essa razão, todos estão de parabéns, mas o destaque óbvio vai para o Lima. Falhou na primeira parte, mas soube manter a cabeça fria e, como um matador, apareceu na altura certa, a levar-nos à loucura. O Maxi, ontem, foi também ele Super. De resto, o destaque maior vai para a equipa como um todo, e para a sua união.
Para qualquer pessoa com dois dedos de testa, este final é natural. Fomos de longe a melhor equipa, deixando os nossos rivais a milhas de distância. Começámos titubeantes, com os fantasmas da época passada a tomarem conta de nós, mas aos poucos e poucos eles foram desaparecendo, e fomos recuperando terreno até ao primeiro lugar. A meio da época, sofremos a maior perda humana da nossa história: o Rei Eusébio. Em sua memória, vencemos o Porto, chegámos ao primeiro e de lá não saímos. Este título é também Dele e do Capitão Coluna. Jogámos melhor, marcámos mais, sofremos menos, e ainda podemos ganhar tudo. Gloriosos. Maiores. Enormes. Levámos a festa a todo o país, provando que somos Maiores que Portugal. Simplesmente, Benfica. Temos agora a possibilidade de abrir novo ciclo de vitórias.
O título voltou a casa. E por cá vai ficar muito tempo.
Benfica 2-0 Olhanense
Lima (2)
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