Rui Rangel, o adversário de LFV à presidência, já deu as suas respostas a todos os blogues (as perguntas repetiam-se, por isso ele só deu resposta às primeiras, não sendo necessariamente às minhas perguntas que ele respondeu).
Relativamente à pergunta 1 (sobre o combate ao sistema):
1.1 - Essa é uma das razões pelas quais decidi candidatar-me, pela constatação da total incapacidade da actual direcção em lidar com o sistema de favorecimento que existe no futebol português. O Benfica deve liderar pelo exemplo, deve mover a sua influência positiva para mudar certos vícios do futebol. E isso tem de começar pelos orgãos de cúpula do futebol português. A Federação tem de estar ao serviço do futebol português e não de certos interesses. Depois de ser eleito, vou pedir, com carácter de urgência, reuniões com os presidentes da Liga, da Federação e dentro desta do presidente do Conselho de Arbitragem. Quero saber o que eles têm para me dizer sobre o futuro do futebol português. Mas quero respostas concretas, não quero promessas de marketing. E retirarei o apoio a todas estas pessoas se perceber que vão num caminho contrário ao da reabilitação do futebol. Não quero estas instituições ao seviço do Benfica, mas também não posso tolerar que estejam contra. É por aqui que temos de começar. E teremos de influenciar positivamente os clubes da Primeira Liga, fazê-los perceber que o Benfica está do lado deles, numa óptica da salvaguarda do interesse do futebol português. O Benfica não tem feito nada disso, tem descuidado a relação com os outros clubes, porque acredita que a grandeza do clube faz esse trabalho pela direcção. Mas não faz, e isso é visível, quando o Benfica é mal recebido em vários estádios do nosso país. Isto acontece por incúria da nossa direcção e porque não sabe dialogar com as pessoas. Mas, também é verdade que não podemos esperar que um presidente que não sabe dialogar com os benfiquistas o consiga fazer com os outros clubes.
1.2 - Em abstracto, gostaria de ter boas relações com todos os clubes. Mas como já respondi anteriormente, não posso ter boas relações com clubes que tratam mal o Benfica. Sou candidato à presidência do Benfica, não sou candidato ao Prémio Nobel da Paz. Além do mais, nunca tomaria essa iniciativa sozinho, sem consultar os sócios do Benfica. E, francamente, não me parece que os sócios do Benfica estejam disponíveis para normalizar as relações com esse clube.
1.3 - Quero dizer que nunca hesitarei em defender o Benfica, de forma pública e severa, se for necessário, quando achar que os interesses do Benfica estão a ser levianamente prejudicados. Sou benfiquista, também sinto na pele as injustiças de que o nosso clube é alvo e, portanto, não nasci ontem. Quero contribuir para um ambiente de respeito no futebol português, mas é necessário que todos se dêem ao respeito. Acredito que os árbitros portugueses conseguem fazer melhor do que fazem hoje, colocarei o Benfica ao dispor de uma estratégia de profissionalização da arbitragem, mas apenas se isso acarretar novas responsabilidades e sobretudo penalizações financeiras para quem errar de forma contínua ou grosseira.
Relativamente à pergunta 2 (prestação nas competições em que estamos inseridos):
Eu não sei se o outro candidato alguma vez assistiu ao vivo aos jogos do grande Benfica europeu dos anos sessenta, setenta e oitenta. Eu assisti, em Portugal e no estrangeiro. Eu estive em algumas finais da Taça dos Campeões Europeus, não sei se o outro candidato alguma vez sentiu esse estímulo de acompanhar o Benfica pelo mundo fora. Eu senti e vi o grande Benfica europeu. É esse Benfica que eu quero trazer de volta e não esta caricatura que existe hoje. Mas tenho a noção das prioridades e não podemos prometer um Benfica forte na Europa sem ganhar de forma continuada no nosso campeonato. E essa deve ser a nossa primeira prioridade, recuperar a hegemonia do nosso futebol e, depois, sim, vamos atrás da glória europeia.
Abaixo vêm mais algumas respostas interessantes:
(Sobre a formação) - A aposta na formação é crucial, a aposta no talento nacional e qualquer que seja o treinador do Benfica tem de perceber que a sua acção é um prolongamento das decisões estratégicas do clube. Porém, não vamos apostar na formação para abastecer os outros clubes, ou com empréstimos ou com cedências. Claro que nem todos os jogadores terão a possibilidade de jogar na equipa A, mas jogadores como os que nomeou terão de ser o futuro do Benfica. E vou dar-lhe uma novidade, se for eleito, já a partir de Janeiro tentarei implementar uma medida de racionalização de meios, diminuindo o número de jogadores do plantel principal, de forma a que os jogadores que citou e outros, possam ter o seu espaço de afirmação. Por exemplo, se for eleito presidente do Benfica, antes de se proceder ao reforço da equipa principal com um jogador estrangeiro, primeiro tenho de perceber se existe um jogador do Benfica, da formação, que reúna o perfil do jogador desejado. Só depois dessa avaliação é que se deve contratar. Se o Benfica precisa de um substituto para o Witsel, então que aposte em André Gomes. Se precisa de um substituto para o Javi Garcia, então que aposte em André Almeida.
(Sobre o director desportivo) - O director-desportivo do Benfica vai continuar a ser o Rui Costa, mas, desta vez, com poderes recuperados. E mais, posso garantir, que terá o seu gabinete ao lado do meu e deixará de estar exilado num andar acima dos escritórios da SAD, como actualmente acontece. E verá o seu mandato de administrador da SAD renovado, com participação em todas as reuniões do Conselho de Administração. E jamais tolerarei que se proceda a reuniões da SAD sem a sua presença, o que actualmente acontece com muita frequência.
(Sobre Aimar) - Acho que o Aimar tem um cabelo que condiz com o seu talento. Mas mais importante em Aimar é o que está por debaixo do cabelo, aquelas ideias luminosas que o distinguem como um dos melhores jogadores da história do Benfica.
(Sobre os horários dos jogos) - Uma das coisas que o futuro parceiro do Benfica na questão dos direitos televisivos vai ter de perceber é que existe o interesse do Benfica e nessa relação o interesse do Benfica estará sempre acima do interesse do operador. Portanto, não se trata de negociar apenas condições financeiras, também estruturais, na relação do Benfica com os seus adeptos. Quero acabar com a pouca vergonha de ver jogos do Benfica, no estádio da Luz, às 20 ou às 21h de domingo. Isto não pode acontecer. O operador tem os seus clientes, mas o clube tem os sócios e os adeptos, que merecem ser respeitados. Quero futebol à tarde, quero recuperar o conceito familiar no estádio da Luz e sobretudo quero um parceiro que entenda esta ligação entre o Benfica e os sócios.
Sem comentários:
Enviar um comentário